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Escolas particulares planejam retorno 100% presencial em outubro

 Desde o dia 3 de maio, 50% dos alunos se revezam entre ensino remoto e ensino presencial. A previsão de algumas escolas particulares para o segundo semestre do ano letivo – as aulas retornaram nesta terça-feira (6) na rede privada – é de que 100% dos alunos possam estar em sala de aula a partir de outubro de 2021.

A expectativa foi feita pelo Grupo de Valorização pela Educação (GVE), que reúne cerca de 60 escolas privadas em Salvador e Lauro de Freitas, na Região Metropolitana. Outras sete escolas particulares ratificaram a afirmativa, além da Secretaria Municipal da Educação de Salvador (Smed).

“Até segunda ordem, o que a gente espera é que, no segundo semestre de 2021, teremos 100% dos alunos em sala de aula. Acreditamos que, em outubro, já possamos retornar, para fazer pelo menos 30 dias antes do final do ano com todos os alunos em sala”, estima o porta-voz do Grupo de Valorização pela Educação (GVE), Wilson Abdon.

O formato 100% presencial seria o mesmo de antes da pandemia da covid-19, sem rodízio, porém, com protocolos sanitários. “Até outubro, teremos todos os profissionais de educação com a segunda dose da vacina, assim como o avanço da vacinação, nesse período, da população geral, que deve estar em 50 a 60%, em toda a Bahia”, justifica Abdon.

Em fevereiro, o governador Rui Costa afirmou que esse percentual de 50% seria atingido em julho. Já em março, a previsão do gestor foi de que 100% da população jovem estivesse vacinada até o final do ano. Até segunda-feira (5), eram 45,83% baianos acima de 18 anos imunizados com a primeira dose, de acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estava em 70% até às 18h30 desta segunda.

A Smed reforçou a estimativa, condicionada a critérios. “O retorno 100% presencial é uma expectativa da Smed, mas a decisão dependerá do cenário da pandemia, considerando as mais diversas variáveis, como contaminação, ocupação de leitos, vacinação, entre outras. Qualquer decisão a esse respeito será tomada pelas autoridades sanitárias”, pontua a secretaria.

O GVE pondera que, mesmo que haja a liberação pela prefeitura, cada escola é livre para agir de acordo com sua realidade. Além disso, o modelo híbrido será oferecido para as famílias que ainda se sentem inseguras.

Favoráveis
O Colégio Adventista de Salvador, que tem 5,8 mil alunos, é favorável ao retorno em outubro: “Estamos preparados para receber os alunos conforme protocolo”, disseram em nota. Eles permaneceram com o ensino remoto e retornarão na modalidade híbrida no segundo semestre. O Sacramentinas também é adepto à previsão. “Se todos os pontos forem observados para o retorno 100% em outubro, voltaremos, porque as famílias já estarão mais seguras”, acredita a coordenadora da secretaria, Priscila Sandin.

No Colégio Maria Helena, em Pernambués, ainda há baixa adesão dos alunos, mas a diretora, Helena Leite, acha que até outubro todos os alunos retornarão. Até então, 35 a 40% dos estudantes estão em sala. “Nosso bairro é muito populoso, então temos que fazer um grande trabalho de conscientização com os pais, mas temos a mesma expectativa, porque, com a segunda dose da vacina, gera uma segurança maior”, comenta.

Na Escola Cresça e Apareça, que tem 75 alunos, quase todos já estão no ensino presencial. Só quatro continuam no ensino remoto, que são famílias com integrantes com comorbidades. “Diminuímos o número de alunos em sala. Iremos oferecer a opção do remoto até o fim da pandemia”, explica Mariana Mongenroth, diretora da escola.

A CEO do Villa Global Education, Viviane Brito, também abraçou a ideia. “Acreditamos estar cada vez mais próximos da possibilidade de um retorno 100% presencial, pelos dados de redução dos casos graves. Também sobre o avanço das campanhas de vacinação e as aprendizagens em relação às medidas protocolares como: uso da máscara, higienização das mãos e afastamento social”. Foram sete casos de covid-19 detectados nas unidades – um entre alunos e seis entre colaboradores.

As diretoras Teresa Brasileiro e Walkyria Rodamilane, do Colégio Módulo Criarte e da Escola Lua Nova, respectivamente, desejam que a projeção seja realidade. “A gente tem que ser otimista e nosso desejo é que seja possível, mas não sei se efetivamente será. O que é certo é que estaremos oferecendo o híbrido até o final do ano”, declara Teresa. Segundo ela, 90% dos alunos da educação infantil e 70% do ensino fundamental estão no ensino híbrido.

“Essa previsão depende de vários fatores, como vacinação, índice de contaminação, receio ou não das famílias. Mas desejo que seja verdade, porque é muito importante para a educação e para as crianças”, defende Walkyria, diretora pedagógica da Escola Lua Nova.

Quem perde mais, de acordo com Walkyria, são as crianças. “É preciso conviver com a pandemia. Imagine se levarmos mais dois, três anos? O que faremos com nossas crianças? É muito sofrimento que os meninos estão passando e as consequências são gravíssimas. Na rede particular, muitas crianças estão sendo diagnosticadas com autismo, e não é. É pela falta de troca e pelo isolamento, que a linguagem vai se modificando”, alerta.

A vice-diretora da Escola Tempo de Criança, Larissa Machado, também chama a atenção para a saúde mental das crianças. “As crianças estão com perdas irreparáveis, mental e pedagógica. Elas trazem casos de alteração de humor, fobias, ansiedade, transtorno alimentar… são traumas prolongados que elas vão ter, sequelas que ficarão por mais de 10 anos”, argumenta.

Só em 2022
Já na visão da diretora pedagógica do Colégio Montessoriano, Lúcia Matos, 100% dos alunos em sala só ano que vem. “Se os números da pandemia continuarem caindo e a vacina avançar, creio que a liberação para acesso deve chegar. A aceitação dos pais chega próximo, mas 100% só em 2022 mesmo”, avalia.

Na escola, apenas 25% dos estudantes optaram pelo ensino híbrido. “Em agosto, isso deve dar um salto, com a finalização da vacina dos profissionais. E seguir aumentando até terminar o ano”, acrescenta.

Para o diretor do Colégio Marista Patamares, Carlos Henrique da Silva, não há palpite para o retorno 100% presencial. “Ainda não sabemos quando será nosso retorno 100% presencial, cremos que o ritmo de vacinação e a curva de contágio vão determinar nossa retomada”, estima.

No Marista, 30 a 35% dos alunos matriculados frequentam o sistema híbrido. Silva acredita que esse índice possa dobrar até o final do ano. “Teremos uma adesão maior neste retorno pós recesso devido à experiência de aulas presenciais que tivemos nos meses de maio e junho. Nesse período, passamos confiança de que estamos preparados e é possível retornarmos de forma segura. É possível que cheguemos a 60% de adesão”, acredita.

No Colégio Cevilha, em Itapuã, já houve pais que se pronunciaram a favor do ensino remoto até dezembro. “As famílias ainda estão temerosas com o comportamento das crianças em grupo na escola, mas acredito que com todos os professores vacinados com a segunda dose e a partir de outubro é possível um percentual maior. Mas acredito que não chega a 100%, uns 80% a 90% talvez”, analisa a diretora, Jordânia Santos.

Mensalmente, o colégio faz uma enquete sobre o assunto com as famílias. Cerca de 40% deles, de um total de 170 alunos, optaram pelo ensino presencial.

O diretor geral da área pedagógica do Colégio Integral, Paulo Rocha, acredita que 100% do corpo estudantil só 2022. “Acredito que possa haver uma redução do distanciamento, porém acho difícil voltar a ser 100% presencial, porque ainda não teremos 100% de vacinação, inclusive a segunda dose”, pondera. São 1.200 alunos do colégio, com 65% de adesão às aulas híbridas. Até o final do ano, ele acredita que sejam 75%. O diretor financeiro do Pernalonga, Carlos Negrão, afirma que não depende da escola, e sim das autoridades. “Estamos preparados, mas não depende da gente”, afirma. Dos 200 alunos, 84 frequentam a modalidade híbrida – 42% do total.

A diretora da Escola Lápis de Cor, Aline Pinto, defende que o ensino híbrido seja disponibilizado até o final de 2021. “A gente precisa respeitar o momento das famílias”, diz. “Ainda existem famílias que só mandam os filhos para a escola depois da vacina, o que não tem nem cenário, a gente não sabe quando vão se vacinar”, exemplifica. Cerca de 60% delas optaram pelo ensino presencial.

Sindicato dos professores critica projeção do GVE

O Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (Sinpro-BA), que representa 80 mil professores de escolas particulares no estado, discorda da previsão do Grupo de Valorização pela Educação (GVE), que acredita que 100% dos alunos poderão estudar presencialmente em outubro. “Não há nenhuma informação a respeito disso, nem sequer as escolas comandadas pelo Governo do Estado retornaram nas condições dadas até o momento. Ainda fala-se em terceira onda e é muita incerteza”, rebate o coordenador-geral do Sinpro-BA, Allysson Mustafa.

Ele ainda sugeriu que o GVE não representa a categoria. “O GVE não representa ninguém, são um punhado de escolas interessadas exclusivamente em dinheiro, empresários da educação. Eles que pressionaram para que se retornassem [as aulas presenciais]”.

Em nota, o GVE rebateu. “Só temos a dizer que o GVE representa mais de 60 escolas particulares de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari e vem pautando sua atuação pelo respeito e o entendimento com as autoridades estatuais e municipais e com todos os segmentos da educação”

No caso da rede estadual, as aulas continuam remotas. Elas começaram no dia 15 de março e vão até 28 de dezembro. O Governo do Estado adotou o mesmo critério da Prefeitura de Salvador para o retorno: a taxa de ocupação de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) têm que estar por cinco dias consecutivos abaixo de 75%, o que não ocorreu.

A Secretaria da Educação do Estado (SEC) disse, em nota, que os indicadores da covid-19 “estão sendo monitorados, para que ocorram as demais etapas do planejamento das atividades, ou seja, a migração do remoto para o híbrido até chegar ao presencial”.

Segundo a Secretaria Municipal da Educação de Salvador (Smed), desde que as aulas retornaram na rede pública, não houve casos de alunos infectados pela covid-19. Já entre professores, foram 10 contaminados pela doença. As regiões que mais tiveram docentes com coronavírus foram Cajazeiras (3), Itapuã (2) e Liberdade (2). Também houve casos na região da Orla, São Caetano e Subúrbio. A pasta ainda alegou que “não há qualquer indício” que a contaminação entre os servidores tenha ocorrido no ambiente escolar.

Lauro de Freitas volta ao ensino híbrido na próxima segunda 
As escolas da rede privada do município de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), voltarão às aulas no formato de ensino híbrido a partir do dia 12 de julho, ou seja, na segunda-feira da próxima semana. Até então, o modelo de ensino na cidade era 100% remoto. A decisão de retornar ou não cabe a cada escola. De acordo com a prefeitura, foi feito um acordo com a representação das escolas particulares, condicionado a avaliação do período de 18 dias após o São João para o início das aulas, como medida de segurança. Protocolos de prevenção à covid-19 também serão adotados.

Segundo a prefeita Moema Gramacho, a medida é estratégica para avaliar os efeitos decorrentes da pandemia nesse período. “A ideia de só voltar no dia 12 de julho é que damos tempo de uma quarentena para apresentação de possíveis contaminações depois dos dias juninos. Se tivermos aumento do número de casos e das ocupações de leitos UTI de covid-19, acordado entre nós na marca de 75%, obviamente teremos que reavaliar o retorno”, explica a gestora.

Os Colégios Logo, Panamericano, Gregor Mendel, Portinari, Lince, Antônio Vieira, São Paulo, São José, Salesiano, o Acbeu Maple Bear, a Escola Tempo de Crescer Colégio, a Escola Gênesis e o Centro Educacional Maria José (Cemj) foram procurados, mas não responderam à reportagem até o fechamento do texto.

O Sartre e o Oficina aguardam as determinações das autoridades e dos órgãos competentes. O Vitória Régia e o Anchieta, por sua vez, não quiseram se pronunciar. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, não pôde responder por estar em fase de recuperação da covid-19.

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