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Apresentadores de Tv a favor de Bolsonaro receberam R$ 268 mil do governo federal

O governo de Jair Bolsonaro pagou R$ 268 mil a apresentadores de TV bolsonaristas ou de programas policiais. Entre os beneficiados pelos repasses estão Luciana Gimenez, Sikêra Júnior, Luís Ernesto Lacombe, além de jornalistas à frente de programas como Cidade Alerta e Balanço Geral, na Record TV.

Os pagamentos constam em planilha da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) entregues à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, que apura ações e omissões da gestão federal no enfrentamento à pandemia do coronavírus. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo.

O dinheiro público foi usado em campanhas para divulgação da reforma da Previdência, de 2019, tratamento precoce contra a covid-19, combate ao Aedes aegypti, violência contra a mulher e cédula de R$ 200, entre outras iniciativas. De 34 repasses, 16 foram para campanhas sobre regras da aposentadoria.

Os pagamentos foram feitos pela Secom por meio de subcontratação das empresas PPR Profissionais de Publicidade Reunidos, Calia/Y2 Propaganda e Marketing e Artplan Comunicação. Todas elas têm contratos com o Executivo federal.

A Calia afirmou, por meio de nota, que fez repasses para pagamentos de campanhas, enquanto a Artplan disse que não pode comentar as parcerias em razão de cláusulas contratuais. A PPR não respondeu à reportagem.

De acordo com o jornal, recebeu R$ 120 mil do governo federal e lidera a lista de apresentadores. Foram feitos sete repasses, de dezembro do ano passado até abril deste ano, sob a justificativa da participação de Sikêra em sete campanhas publicitárias do governo, segundo o documento.

Entre elas está a do Cuidado Precoce para a Covid-19, que orientou pessoas com suspeita da doença a procurarem atendimento ainda nos primeiros sintomas. Sikêra recebeu R$ 24 mil.

O apresentador do programa Alerta Geral chegou a perder o patrocínio de duas de suas maiores apoiadoras, a empresa de planos de saúde Hapvida e a construtora MRV, após falas lgbtfóbicas do âncora.

Em seguida, vem a apresentadora Luciana Gimenez, da RedeTV!. Ela recebeu R$ 51 mil da gestão Bolsonaro por meio da empresa Magic Lu Promoções, Eventos e Comércio de Produtos de Uso Pessoal e Doméstico. Foram nove transferências, ao todo, em 2019 e 2020.

Dos repasses, seis trataram de pagamentos de cachê para campanha da reforma da Previdência. Gimenez chegou a sugerir ao presidente, durante um café da manhã no Palácio do Planalto, em abril de 2019, para explicar mais sobre o tema à população.

Presidente Jair Bolsonaro dá entrevista para a apresentadora Luciana Gimenez (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Presidente Jair Bolsonaro dá entrevista para a apresentadora Luciana Gimenez (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Gimenez ainda ganhou R$ 6 mil referentes à chamada Agenda Positiva, com o objetivo de ecoar feitos do governo, mais R$ 6 mil para a campanha Semana Brasil, que “celebrava a retomada, com segurança, da economia e dos empregos”, e R$ 12 mil para o lançamento da cédula de R$ 200.

A apresentadora da RedeTV! é admiradora de Bolsonaro. Ela já tinha proximidade com ele antes mesmo da eleição de 2018. Em entrevista, Gimenez disse que inventou o presidente, ao ser questionada sobre o desempenho do governo.

“O [presidente Jair] Bolsonaro quem inventou fui eu, né? Como ele mesmo diz”, afirmou. “Porque o primeiro programa de TV a que ele veio foi o nosso. Como profissional, acho incrível que o SuperPop lançou o presidente”, disse.

“Ele fala o que pensa e é muito brincalhão. Sei disso porque ele faz isso no meu programa. Não tô defendendo, tô dizendo que ele é assim, fala o que é pensa. Isso é bom, é ruim. Adianta ficar criticando?”

Colega de emissora de Gimenez, Lacombe também recebeu cachê de R$ 20 mil por meio da empresa Lala Produções. A verba foi destinada para a realização de duas campanhas do governo, a Semana Nacional do Trânsito e uma sobre o risco de exposição de crianças na internet.

O apresentador e jornalista estava sendo tendencioso ao presidente Jair Bolsonaro (reprodução / instagram @luis.lacombe)
O apresentador e jornalista estava sendo tendencioso ao presidente Jair Bolsonaro (reprodução / instagram @luis.lacombe)

Lacombe disse, em entrevista, que tem afinidade com as ideias de Bolsonaro, mas negou ser militante.

Nas redes sociais, o apresentador posta fotos ao lado de figuras bolsonaristas e levou aos programas figuras-chave da base de apoio ao governo, como o empresário Luciano Hang, da Havan, e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Nelson Rubens, ex-apresentador do TV Fama, da RedeTV!, também foi pago para fazer propaganda do governo sobre o enfrentamento da violência contra a mulher. A quantia de R$ 3.474 foi recebida por meio da empresa Nelson Rubens Produções Artísticas.

Apesar de não haver manifestação política em redes sociais, Rubens entrou em polêmica envolvendo o nome de Bolsonaro no programa Raul Gil. Ao ser questionado se tiraria o chapéu para Pabllo Vittar, em 2018, ele disse que não. “Ele [sic] falou que se o Jair Bolsonaro se elegesse, ele [sic] deixaria o Brasil.”

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