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Quando Ricardo Barabadá, babalorixá desde 1995, recebeu o pedido de seu Orixá, em 2005, para que encontrasse um espaço maior, rodeado por mata, para instalar o seu terreiro, ele prontamente o atendeu. O que Barabadá não imaginava é que, 16 anos depois, seu terreno de uso religioso seria reivindicado para a construção de linhas de transmissão de energia.
Na semana passada, Barabadá foi surpreendido por uma notificação extrajudicial que propunha um acordo de R$ 50.954,11 pelo terreno do terreiro Ilê Asé Ayê Kô, em Pitanga de Palmares, no município de Simões Filho. “Eu não tenho interesse de me desfazer nem por R$ 50 milhões. Ali é um local religioso”, afirma.
A notificação vem em nome da empresa Mez 1 Energia e a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) endossa o pedido. A resolução da Aneel considera que o terreno é “de utilidade pública” para a passagem de uma linha de transmissão de Camaçari à Pirajá.
Barabadá reconhece a importância da linha de transmissão. No entanto, ele questiona a necessidade de desapropriação de um lugar que cumpre, acima de tudo, uma função religiosa. “Eu também não quero atrapalhar, mas eu quero chegar em uma forma que fique bom para ambos. Eu não adquiri o local para me desfazer assim”, diz.